domingo, 12 de fevereiro de 2012

Megacidades: vulnerabilidade às mudanças climáticas

O objetivo desse texto é entender a relação entre os problemas ambientais das megacidades e as mudanças climáticas, relacionando as condições da megacidade de São Paulo com os eventos de chuvas intensas, particularmente os eventos de janeiro de 2011.

O clima é um assunto corriqueiro numa grande cidade como São Paulo, é usado em situações tanto onde a falta de assunto predomina, quanto à sensação de “calamidade climática”: as mudanças climáticas.

A cidade de São Paulo foi chamada um dia de “Terra da Garoa”; o clima temperado, próximo ao europeu mediterrâneo, fez com que italianos se sentissem quase á vontade na cidade em fins do século XIX. Havia um inverno rigoroso que castigou nos anos 50 do século passado os migrantes nordestinos desacostumados com o frio.
Essas considerações do clima pela ótica do senso comum foram sendo esquecidas pela realidade das mudanças climáticas.

Embora não haja consenso entre os cientistas se de fato as mudanças climáticas são causadas pelas atividades humanas, a maioria dos relatórios técnicos afirma que as mudanças são decorrentes da apropriação dos recursos naturais e pela degradação ambiental.

São Paulo é uma megacidade com megaproblemas. O mês de janeiro foi incorporado ao imaginário da cidade como o mês das enchentes, desabamentos e mortes, chuvas de grande intensidade.

A “calamidade climática” utilizada pelos meios de comunicação para descrever o quadro das chuvas de janeiro de 2011, que tantos problemas causaram é resultado de um conjunto de fatores, responsabilidade da sociedade brasileira.

São numerosos os equívocos na ocupação da cidade : a ocupação das várzeas dos rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí, a canalização dos córregos e a ocupação de vias de tráfego nos fundos de vale, a ocupação das áreas de encostas por favelas, as condições geomorfológicas do sítio da Região Metropolitana de São Paulo que permitem o escoamento em grande velocidade das águas, devido á declividade.



O Poder público tem a obrigação de antecipar-se ás catástrofes, reduzi-las e minimizá-las, e uma de suas iniciativas foi a elaboração de um relatório, “Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras ás Mudanças Climáticas”, coordenado pelo Centro de Ciência do sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CST/INPE) e pelo Núcleo de População da Universidade Estadual de Campinas (NEPO/UNICAMP).



Os resultados do estudo são preocupantes. A temperatura aumentará, poderá dobrar o número de dias com chuva intensa na cidade, e caso a expansão urbana projetada se verifique, ocupando áreas frágeis, de terrenos instáveis e de várzea, São Paulo terá mais de 20% de sua área suscetível a acidentes naturais causados por chuvas.



O estudo apontou “medidas de adaptação” para que as instituições públicas e privadas possam enfrentar essa perspectiva preocupante: controle sobre construções de área de risco, investimento em transporte coletivo e investimento em pesquisas sobre a modelagem do clima.



Nada leva, infelizmente, a crer que tais medidas sejam tomadas.



Os loteamentos irregulares ocupam 22% da cidade, nos estudos projetados de crescimento da mancha urbana, é exatamente nas áreas mais frágeis que se supõe a ocupação, o automóvel permanece como agente propulsor da economia, estudos técnicos, investimentos em Educação, não são considerados pelos políticos.



Dessa forma a propalada “calamidade climática” encontra terreno fértil na cidade de São Paulo, e as perspectivas para desastres futuros, causados por ações humanas erradas, são aterradoras.





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