segunda-feira, 25 de junho de 2012

de nacionalismos, Brasil, EUA e Terráqueos

Vianna Moog é autor de um livro seminal, pouco lido, sobre  o Brasil: Bandeirantes e Pioneiros. Fala das origens do nosso país em comparação com a origem dos EUA.

O Brasil, grande interrogação, o gigante  dormindo em berço esplêndido do Hino,o Brasil tão distante do povo. Os EUA, o maior país do mundo, o país que confia em Deus, e isso está escrito na nota de dolar.

A mim não restam dúvidas que devemos pensar o Brasil como um problema. Por que o Brasil não deu certo?

Compará-lo com os EUA é um caminho comum para tentar entender nosso país - Os EUA deram certo, o Brasil não.

Passeando no senso comum, de onde saem e para onde vão as tradições e ideias que vão formar tradições, procurarei através da ideia do nacionalismo (poderia ser a ideia da corrupção, ou da burocracia, ou a crueldade da classe media, ou a hipocrisia, ou o mascaramento das questões raciais, ou etc.) analisar algumas questões sobre os problemas brasileiros.

Discutindo o nacionalismo, os problemas brasileiros, pretendo ir além, chegar a outro ponto, promover outra reflexão.

Para tanto será feita uma análise do uso da bandeira a partir das duas situações, que apontam semelhanças e diferenças do sentimento nacional evocado pelas imagens.




A imagem que representa o Brasil mostra nossa bandeira desenhada numa rua, onde duas crianças estão jogando bola. A rua está enfeitada, com bandeirinhas, talvez seja época de Copa do Mundo.





A imagem que representa os EUA apresenta uma residência americana, um bom jardim gramado, uma sólida casa ornada com babados e fitas com as cores da bandeira americana. Uma bandeira americana está hasteada na entrada da casa, outras quatro bandeiras enfeitam o jardim.

As imagens selecionadas mostram visões que o senso comum consagrou como significativas ao representar o nacionalismo de dois jovens países do continente americano, o Brasil e os EUA.

O senso comum é a maneira de entender o mundo pela experiência adquirida pelos costumes, hábitos, tradições; pela experiência do cotidiano.A construção das nacionalidades é coisa que não nasce com as pessoas, não é genética. Ela nasce de representações de uma escolha do que se quer representar. O senso comum é retroalimentando continuamente: ele é a manifestação das tradições, dos costumes, dos hábitos, e  ao mesmo tempo ele cria tradições, costumes e hábitos.O senso comum diz que o brasileiro não é patriota.

Manifestações de patriotismo só seriam verificadas em época de Copa do Mundo, quando então teríamos motivos para ter orgulho do Brasil, poderíamos manifestar patriotismo. Os EUA, ou o povo americano, seria por excelência um povo nacionalista, em toda casa americana haveria sempre uma bandeira hasteada.

A falta da identidade nacional, a falta de patriotismo,e a busca de alimentar esse sentimento, é tema exaustivamente estudado e comentado, especialmente citando o exemplo do Governo Vargas e a atuação do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda.

O DIP procurou forjar, criar uma identidade nacional, fazendo  uso de alguns símbolos como a Bandeira, o Hino. Da mesma forma, pelo DIP , no Governo Vargas, o Carnaval, o Futebol,a Feijoada, a Caipirinha, foram utilizados para a construção, tardia, de sentimentos de identidade e pertencimento.

Marilena Chauí, no texto Fé e Orgulho, primeiro capítulo de Brasil – Mito fundador e sociedade autoritária, faz uma crítica as representações que o Brasil, o Estado no decorrer dos séculos, desde 1500, quer fazer de si. Para Chauí essa representação " permite que a sociedade que tolera a existência de milhões de crianças sem infância, e que, desde o seu surgimento, pratica o apartheid social, possa ter de si mesma imagem de unidade fraterna."

Vivemos no momento uma crise das representações, criticam-se os jovens pela ausência de valores cultivados em outros momentos, pela ausência do culto á bandeira, ao hino, aos símbolos nacionais.

Talvez essa crise nos leve a outro patamar, talvez essa ignorância dos velhos hábitos seja saudável.

De acordo com o historiador britânico Eric Hobsbawn, a busca de identidade nacional é um processo político de reconhecimento coletivo de pertencimento ao Estado Nação. Os símbolos nacionais e o nacionalismo são utilizados para unificar as pessoas em torno deste objetivo comum.

São conhecidas, porém, outras definições de nacionalismo. Para Einstein “é como um sarampo, essa doença infantil da humanidade”; Dr. Johnson é o autor da legenda favorita dos internacionalistas: ”o nacionalismo é o último refúgio dos velhacos”.

A esperança sempre renovada na juventude, é que ela supere determinados paradigmas, que nós, junto com ela, avancemos enquanto humanidade.

Dessa forma, acredito que o desconhecimento dos velhos símbolos, de reverência à um nacionalismo que evidentemente é forjado e historicamente foi manipulado para justificar guerras, seja uma oportunidade de dialogar sobre a possibilidade de uma consciência terráquea.

Essa consciência terráquea é o lugar onde poderemos buscar uma integração como humanos, todos pertencentes á mesma condição: de habitantes do planeta Terra. Essa é a reflexão que eu pretendia promover.

A Terra vista do céu não apresenta as divisões territoriais que enxergamos na escala dos mapas de Mercator. Somos habitantes do mesmo planeta, a ideia de estarmos juntos numa nave me agrada, me seduz. Se é necessário forjar algum tipo de identidade, que seja essa: Terráqueos.

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