sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma mesa

Como uma mesa deve ser:
Sólida. Firme. Robusta.
Com quatro pés. De madeira.

Uma mesa larga
onde seis pessoas
enquanto comem
possam gesticular macarronicamente
e os pratos, muitos pratos fumegantes,
estejam dispostos de tal forma
que devamos pedir pra as outras pessoas:
-Mais feijão, por favor!

Uma mesa grande
que quando aberta
vinte pessoas levantem um brinde
e que crianças possam ficar correndo
em torno dela
e ficando embaixo delas
escutem coisas que evidentemente
não deveriam escutar.

Debaixo da mesa
eu poderia desenhar
um homem de barba
o principal de nós
ou a senhora de cabelos claros
que nos ensinou que a vida não é só aqui
ou a doce figura da Dina
colocando uma fita no cabelo da criança de rua
ou a figura gigante do meu avô
ou ainda Madri
que tanto orgulho tem de ser nossa gente.

Poderia escrever:
incompatibilidade de gênios
ou AMOR escrito com nosso sangue.

Mas eu escrevi o que meu pai
gritava nos sacudindo às sextas-feiras
o porquê jamais poderíamos fazer uma maldade:

-Somos Miele.

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