domingo, 21 de agosto de 2016

esqueci



de manhã não conseguia lembrar o nome.
vinha o gesto de servir o chá, voltar a cozinha. um por do sol, bem-te-vi.  qualquer coisa sobre não aceitar certa passagem de um livro, edipiano. outra vez uma ruga, sempre vinha. uma mecha distraída de cabelo, o tilintar de copos, tamborilar de dedos. algumas palavras; decerto, inquietude, novamente. jogo de xadrez. um olhar. palavras que eu não ouvi,mas consegui entender. desencontro no metrô.fazer xixi na rua. discutir sobre as cruzadas, apresentar-me como o "infante". praias lotadas sem lugar para mais alguém. desencontro por cinco minutos. vestido de organdi. brilho das estrelas sem nome. poeira em todos os espelhos da casa. nenhum adeus.
á tarde um passarinho junto ao meio fio mantinha-se em dúvida se beberia a água que corria pela sarjeta, os livros acumulavam-se em desordem, garrafas faziam ás vezes de vasos com flores semi-mortas, que insistiam em permanecer ali; parecia-me que eu deveria lembrar de algo, um nome? alguém?
de noite eu não lembrava mais de nada, esqueci.

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