segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Spencer, seu velho idiota # 1




A expressão "por a cara para bater" caiu-lhe como  uma luva.

- Não tenham pena de mim, gritou.

- Você parece bêbedo, Spence, escutou longinquamente.

Tentou apanhar suas coisas jogadas no chão, mas esse esforço provocou sua queda e isso uma saraivada de gargalhadas e impropérios.

-Seus inúteis, Spencer gritou, e sorriu.

Mas já não havia ninguém lhe dando atenção. Ele olhou para o chão imundo e passou a língua no assoalho. Não sentiu gosto de nada. Começou a cantar uma velha canção de marinheiro, pensando assim conseguir dormir, mas desabou chorando como uma criancinha.

- Seus inúteis, seus inúteis, gritou e gritou.

Recebeu então uma pancada no fígado, tão forte que o fez vomitar e mais uma e outra, em várias partes do corpo. Não reagiu, absolutamente. Mesmo que quisesse não poderia.

Lembrou-se de uma passagem do livro, naturalmente escrita sob a influência do espirito,que falava sobre arrancar fora o que já não prestasse.


Imaginou-se em outro lugar , sonhou caminhar solitariamente pela relva molhada, de cães aguardarem sua passagem sem latido, de pessoas paradas estupefatas esperando alguma palavra sua.

Arrastaram seu corpo para fora do salão, jogando-o no chão.

- Vamos botar fogo nesse bastardo!

Levantou-se  sem um único pio, e correu mais que alguém pudesse supor de um velho miserável.

Foi-se esconder no mesmo lugar de sempre, na estação de trem abandonada, e recomeçou a cantar suas canções de estrada, sem no entanto conseguir dormir.

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