sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

zona desconhecida habitada por índios # 2

O massacre extermínio  genocídio assassinato estupro coletivo desastre irracional aniquilamento total das populações indígenas, que permaneceram por milênios desenvolvendo uma cultura mágica em toda extensa área situada a Oeste, é fato recente na história desse triste canto do mundo, coisa de pouco mais de cem anos. 

Essa grande área permaneceu grafada no entanto por alguns séculos nos poucos mapas dessa terra inculta, assinalada como "terras não exploradas", e outros nomes definidores de uma situação propicia ao homem branco de usurpá-la e dela apoderar-se.

No papel de condutor dessa civilização assassina e possuidora de apetite incalculável aparece preponderante o papel da estrada de ferro.

A dizimação das populações nativas, ocorrida a base de porrete facão pedra doenças maus tratos inculcamento de baixo estima estupro indução de suicídio aniquilamento de culturas,ocorreu anterior posterior concomitante a chegada dos trilhos de ferro e à formação de cidades.

Digno de nota é a formação de um patrimônio arquitetônico particularmente exuberante e merecedor de registro: as estações ferroviárias. Quase todas elas construídas com elevados valores estéticos, mui belas e formosas, se bem que quase todas elas cópias de cópias de outras estações edificadas alhures,preferencialmente copiadas das estações da  matriz que explorava a colônia, que por sua vez explorava a nossa triste terrinha, a maioria delas foi copiada, mas nem por isso menos belas e singelas.

Em torno dessas estações os povoados surgiram, lugares que representavam a civilização. Os muitos bares, a zona de prostituição, uma pequena escola, uma cadeia, a igreja matriz e ao sul desta outra igrejinha, a igreja dos pretos, esses poucos elementos compunham o panorama das pequenas cidades.

O retalhamento das terras , nome apropriadíssimo para o crime que foi realizado, obedeceu aos ditames daquilo que era conhecido como o mais civilizado: árvores arrancadas, mato queimado, florestas inteiras devassadas, animais mortos, rios secados, peixes afogados, passarinhos emudecidos, uma sucessão de terríveis acontecimentos celebrados pela imprensa desde sempre favorável aos poderosos e a inevitável marcha da ordem e do progresso.

A conquista do oeste por essa brava gente deveu-se , além da ocupação definitiva pelo governo e seus agentes das "terras inabitadas" pela possibilidade do plantio do ouro negro, monocultura preponderante na parte que nos coube na expansão da civilização capitalista.

Essa mesma expansão capitalista proporcionou a posterior decadência dessas cidades do Oeste e a transformação das suntuosas edificações das estações ferroviárias em monumentos apodrecidos de um passado recente e prontamente esquecido.

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